6 de abril de 2009

Emoção


Estava feliz. Feliz e ansiosa só pela sensação de que daqui a exatas 55 horas ela estará perto das pessoas que a amam. Arrepiava, e emocionava. Uma corrente de energia passava pelas suas veias, a deixando inquieta, e pensativa. Não conseguia raciocinar, não conseguia pensar em nada, não conseguia esconder sua ânsia e seu sorriso que ia até a nuca, seus olhos cansados brilhavam. Queria gritar, queria dançar, queria sair andando, sorrindo e comemorando. Seus olhos se enchiam de lágrimas, mas ela tentava conté-las.
Finalmente, finalmente agora a voz daquelas pessoas serão audíveis não mais pelo telefone. Poderá tocá-las. Abraçá-las.

Cinco minutos atrás, e o que lhe tomava era o sentimento de medo, medo da resposta daquele homem. Mas ela tinha que fazer, tinha, não podia mais adiar. Se levantou e caminhou, cada passo como um batuque de um tambor na sua cabeça. Abriu a porta, e antes que pusesse o primeiro pé no corredor, ela parou. Se virou, e não saiu daquele lugar. Ficou olhando fixamente para o nada, para seus pensamentos...
Será que eu peço? ou eu saio as escondidas? Não seria melhor eu esperar mais um pouco? como eu falo pra ele? Balançou a cabeça, como se aquele ato fizesse com que todos as suas dúvidas lhe fugissem. Respirou fundo, e caminhou, passo-a-passo aquele interminável corredor até a última porta a direita. Bateu. Uma voz grossa que pra ela naquela hora parecia medonha soou. "Entre!"
Durante os milésimos de segundos que se passaram depois do entre e até o "Eu posso falar com vc?", milhares de dúvidas foram lhe tomando o pensamento.
"Será, que ele está nervoso com alguma coisa? será que ele esta estressado? Como será que foi o dia dele? Estaria passando por algum problema pessoal? Ou aqui mesmo? Aqui eu sei que está, mas e se isso afetar na resposta que ele vai me dar? E se ele falar: O tanto de problema que estamos passando e vc preocupada com isso? E se ele estiver mto estressado, e falar que no momento não poderia, mas eu que sei??? Eu odeio quando as pessoas falam: Você que sabe...; Vc que escolhe; A escolha é sua; Vc sabe das consequências..."
"Sim, pois não!" Mais uma vez a voz ecoava pela imensa sala, que nessa hora parecia mais imensa ainda, e gelada pelo ar condicionado ligado nos 16ºC.
Começou a falar, e sentia a respiração daquele homem, que agora parecia ter ritmos mais frequentes que antes. Começou.
" A muito tempo que não vejo..., bem, é q vc sabe que eu não sou daqui, e a passagem é mto cara.. é difícil, são 4h30 de viagem, e eu queria.., he... é que meu serviço está em dia... bem, acho que está adiantado.."
Mas não conseguia sair do lugar. Se sentiu como se fosse uma adolescente de 15 anos pedindo o pai pra ir numa festa que só vai começar às 2 horas da manhã, e que quer ir sozinha com os amigos, pq a festa é em outra cidade.
Nessa hora, ela notava que ele já sabia do que se tratava. Ele tirou os óculos e se inclinou para frente, como se estivesse compreendendo o caso. Ou seria como se estivesse pronto a dizer "Pois é, mas agora ninguém poderá se ausentar..." Poxa vida, mas era apenas um dia... um diazinho que iria faltar.. tantos outros que ela já faltara, mas todos por motivos de doença (naqueles casos que ela está quase sendo internada, pq geralmente não era uma dorzinha de dente ou de cólica que impedia ela de ir cumprir com suas obrigações).
"E é isso, eu tenho que me ausentar na quinta."Terminou. finalmente conseguiu terminar de falar.
Ele olhou, bem nos olhos dela, respirou fundo. "Olha... se vc depois repor essas horas faltas e conseguir manter td em dia..."
Nos seus lábios surgiu um sorriso! queria sair correndo e abraçar o mundo! Agora o que tomava seus pensamentos não era mais o medo de pedir dispensa da quinta feira santa ao patrão, mas era o relógio, era o tempo que não passava e que não chegava logo.
Voltou eufórica para sua sala, sorria e cantava, colocou o fone de ouvido e ficou cantando.. trabalhando e cantando um inglês que mais parecia um dialeto inventado...

Estava feliz! Finalmente, depois de 5 meses longe da família, finalmente ela iria sentir tudo de novo... tudo.. inclusive, desta vez não iria conseguir ser forte, até imaginava, quando descer do ónibus, suas lágrimas correndo a face.
O jeitinho curvado e meigo da avó, o abraço que quase punha ela no chão dos 20 mil priminhos, os beijos dos tios cavalheiros, o colo das tias corujas, a voz do afilhado chamando por ela como madinha, as novidades contadas pelos irmãos, e os pais.. ha.. os pais... estes bastavam um tok, bastava que ela sentisse a pele quente, tocando ela, abraçando, beijando, acariciando, chorando... de alegria.

2 comentários:

  1. Vamo torce pra passa rápido para q "ela" veja logo a família!

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  2. Bacana d+ Jaki!
    Breguete é um bom nome, mas aqui tem é qualidade!
    Muito legal!

    Abraços.

    http://josuabarroso.blogspot.com

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