30 de março de 2009

Amores Platônicos III


Beirut - Elephant Gun

Pele de pano, branca como porcelana, e macia como o veludo do pêssego. Tocava no seu rosto, e sentia, seus desejos íntimos se aguçarem e quererem sair pra fora. Olhava sua boca, rosada e suave como uma pluma, parecia sorrir, parecia sofrer. Não. Apenas dormia, adormeceu em seus braços e Gabriel não podia fazer mais nada, a não ser ficar ali apreciando Nina.
Seu cheiro se espalhava pelo quarto, e Gabriel chegou a querer que nunca saísse dali. Não queria mais nada, não precisava de mais nada, tinha Nina em seus braços, podia beijá-la a face e acariciar o corpo tão inocente e sensual.
Como deixara acontecer? Como pode deixar surgir um sentimento assim tão forte nele? Gabriel sabia, que se contasse a Nina de seus sentimentos, poderia perdê-la, por isso preferia ficar em silêncio, guardando para si, todas aquelas declarações que ensaiava durante as noites, e contentar-se com a presença, o cheiro, e o sorriso de Nina.
Passava a mão pelo corpo de Nina, sem tocá-la, e apreciava a jovem deitada na sua cama.
Não sabe como e onde tudo começou, só sabe que sempre gostou daquele jeito de menina apaixonada querendo ser mulher independente. Era tímida, não falava com muitas pessoas, mas os poucos amigos, adoravam sua presença.
Sua personalidade, alternava-se ora conselheira, ora aconselhada. E Gabriel adorava rir-se dela. Das suas dúvidas, certezas, e suspiros. E ele suspirava. A cada vez que olhava para aquela menina-mulher, ele suspirava, e longe dela, surpreendia-se pensando nela, no seu nome, no seu sorriso. Cada cena que lhe vinha a memória, acrescentava um suspiro.
Conheceu Nina na faculdade, mas a Amizade dos dois começou aos poucos, sem haver um fato importante que fizesse que os dois se aproximassem. Faziam tudo juntos: cinema, trabalhos da facul, compras para a casa de Nina, e até mesmo baladas, apesar de Gabriel não gostar muito.
O tempo foi passando, e Gabriel se sentia incomodado quando Nina vinha contar-lhe dos namorados. Mudava de assunto, sem deixar que trasparecesse que estava com ciúmes.
Começou a cobrar de si mesmo. “Pára Gabriel, você está confundindo” pensava. Mas não, não estava confundindo, apenas gostava de estar na presença de Nina, de sentir o cheiro de flor da sua pele, e ver o mundo através dos olhos dela. Gostava de contar as horas no relógio, pra chegar a hora das aulas para vê-la. Gostava de vê-la, e não dizer nada, só ouvir sua voz e rir das suas palhaçadas.
Agora ele tinha a imagem dela, adormecida em seus braços, deitada na sua cama.
Como tanto sonhara antes com essa imagem, porém sendo consequência de outros atos.

Depois de receber a ligação da amiga que estava em prantos, ele se levantou correndo e de pijama mesmo foi atrás de Nina. Encontrou a moça chorando calada num beco escuro, sentada na calçada, impercebível se quem não estivesse ali fosse Gabriel.
_ O que foi? Perguntou enquanto com o dedo indicador levantava o queixo da amiga
_ Ai Gabriel... Me abraça.. disse aos prantos.
Gabriel sentiu a pele fria de Nina, a face molhada e salgada das suas lágrimas. Olhava pra ela, tentando achar seu próprio reflexo nos seus olhos, e via o quanto era mais linda ainda com a maquiagem borrada.
Gabriel cuidou dela. Levou pra sua casa e escutou ela se queixar do namorado que havia brigado com ela enquanto andavam de carro pela cidade, se irritou e a deixou no meio da rua, vunerável, e sozinha. Gabriel, ouviu Nina, mas não podia formar uma frase sequer com as palavras que saiam dos seus lábios. Ficou ali, observando suas lágrimas, seus olhos vermelhos, sua bochecha rosada, e suas palavras jogadas até que ela caiu no sono. Gabriel ficou ali, olhando, contemplanto, amando... Nina... seu Amor Platônico.

2 comentários:

  1. O tal do amor é mesmo um fanfarrão! Falando em amores platonicos, vc consegue, atraves dos seus contos, levar o leitor, do começo ao fim... e no fim, perfeição.
    Parabéns! Dos tres sobre o tema, este foi o que mais gostei! Me vi.

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  2. Nossa Jaki. Ta superando. Tah demais o conto. Tadinho do Gabriel!

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