30 de março de 2009

Amores Platônicos III


Beirut - Elephant Gun

Pele de pano, branca como porcelana, e macia como o veludo do pêssego. Tocava no seu rosto, e sentia, seus desejos íntimos se aguçarem e quererem sair pra fora. Olhava sua boca, rosada e suave como uma pluma, parecia sorrir, parecia sofrer. Não. Apenas dormia, adormeceu em seus braços e Gabriel não podia fazer mais nada, a não ser ficar ali apreciando Nina.
Seu cheiro se espalhava pelo quarto, e Gabriel chegou a querer que nunca saísse dali. Não queria mais nada, não precisava de mais nada, tinha Nina em seus braços, podia beijá-la a face e acariciar o corpo tão inocente e sensual.
Como deixara acontecer? Como pode deixar surgir um sentimento assim tão forte nele? Gabriel sabia, que se contasse a Nina de seus sentimentos, poderia perdê-la, por isso preferia ficar em silêncio, guardando para si, todas aquelas declarações que ensaiava durante as noites, e contentar-se com a presença, o cheiro, e o sorriso de Nina.
Passava a mão pelo corpo de Nina, sem tocá-la, e apreciava a jovem deitada na sua cama.
Não sabe como e onde tudo começou, só sabe que sempre gostou daquele jeito de menina apaixonada querendo ser mulher independente. Era tímida, não falava com muitas pessoas, mas os poucos amigos, adoravam sua presença.
Sua personalidade, alternava-se ora conselheira, ora aconselhada. E Gabriel adorava rir-se dela. Das suas dúvidas, certezas, e suspiros. E ele suspirava. A cada vez que olhava para aquela menina-mulher, ele suspirava, e longe dela, surpreendia-se pensando nela, no seu nome, no seu sorriso. Cada cena que lhe vinha a memória, acrescentava um suspiro.
Conheceu Nina na faculdade, mas a Amizade dos dois começou aos poucos, sem haver um fato importante que fizesse que os dois se aproximassem. Faziam tudo juntos: cinema, trabalhos da facul, compras para a casa de Nina, e até mesmo baladas, apesar de Gabriel não gostar muito.
O tempo foi passando, e Gabriel se sentia incomodado quando Nina vinha contar-lhe dos namorados. Mudava de assunto, sem deixar que trasparecesse que estava com ciúmes.
Começou a cobrar de si mesmo. “Pára Gabriel, você está confundindo” pensava. Mas não, não estava confundindo, apenas gostava de estar na presença de Nina, de sentir o cheiro de flor da sua pele, e ver o mundo através dos olhos dela. Gostava de contar as horas no relógio, pra chegar a hora das aulas para vê-la. Gostava de vê-la, e não dizer nada, só ouvir sua voz e rir das suas palhaçadas.
Agora ele tinha a imagem dela, adormecida em seus braços, deitada na sua cama.
Como tanto sonhara antes com essa imagem, porém sendo consequência de outros atos.

Depois de receber a ligação da amiga que estava em prantos, ele se levantou correndo e de pijama mesmo foi atrás de Nina. Encontrou a moça chorando calada num beco escuro, sentada na calçada, impercebível se quem não estivesse ali fosse Gabriel.
_ O que foi? Perguntou enquanto com o dedo indicador levantava o queixo da amiga
_ Ai Gabriel... Me abraça.. disse aos prantos.
Gabriel sentiu a pele fria de Nina, a face molhada e salgada das suas lágrimas. Olhava pra ela, tentando achar seu próprio reflexo nos seus olhos, e via o quanto era mais linda ainda com a maquiagem borrada.
Gabriel cuidou dela. Levou pra sua casa e escutou ela se queixar do namorado que havia brigado com ela enquanto andavam de carro pela cidade, se irritou e a deixou no meio da rua, vunerável, e sozinha. Gabriel, ouviu Nina, mas não podia formar uma frase sequer com as palavras que saiam dos seus lábios. Ficou ali, observando suas lágrimas, seus olhos vermelhos, sua bochecha rosada, e suas palavras jogadas até que ela caiu no sono. Gabriel ficou ali, olhando, contemplanto, amando... Nina... seu Amor Platônico.

26 de março de 2009

Amores Platônicos II



_ Fica comigo!... Seu corpo todo estremeceu com o sussurro gentil e sensual de Flávio ao seu ouvido. Seus corpos, ainda suados entrelaçados tornando todo aquele extase como se fosse de uma só pessoa. Seus lábios tremiam e sua cabeça latejava. Fechou os olhos forçando sua pupilas, como se aquele ato fizesse com que tudo aquilo a despertasse e mostrasse a ela que não passava de um sonho. Ou pesadelo.
Mas não. Preferiu sentir o corpo de Flávio dentro de si, em movimentos suaves e rítmicos, e esquecer tudo e todos. Preferiu apenas sentir o ápice do prazer que há muito tempo não sentia.
_Sabia que adoro fazer amor com você? Já não lembrava mais como é estar mergulhado no seu corpo...
Preferiu apenas sorrir. Um sorriso triste e forçado que saia do canto dos lábios. Flávio se levantara e fora ao banheiro. E agora Marina pensava em tudo... em todos, na sua família, na sua filha, e naquele amor, que até então estava adormecido.

Conhecera Flávio no auge da sua adolescência. Ele era o melhor amigo do seu irmão, e não saia da sua casa. Pra piorar ainda mais, era simplesmente adorado pelos seus pais.
_Quando Marina tiver idade, ela deve se casar com você Flávio! Adoraria ter um genro assim!
Mas ela tinha apenas 13 anos, e ele nos seus 19. O tempo foi se passando e a presença de homens na sua casa foi se tornando mais constante. Os amigos de seu irmão passaram a jogar futebol na porta da sua casa e ela ficava lá olhando, sentada na calçada, apoiando a cabeça nos cotovelos. Flávio não era o mais bonito, nem o mais másculo, pelo contrário, Não tão alto, o corpo ainda com poucos músculos, o rosto triangular e os cabelos se desfaziam em cachos negros e bagunçados. Não, não era bonito, mas era atraente. Tinha algo que chamava a atenção de qualquer mulher de qualquer idade que passasse por ele. Sua voz grossa e um olhar enigmático e convidativo. Seu jeito de andar, tudo nessa hora parecia atraente nele. E ela ficava ali, olhando.
O tempo passou e Marina se esqueceu de Flávio, arrumou um namorado aos 15 anos, porém a euforia das suas amigas ao descobrirem festas, bebidas e vários beijos em uma noite, a deixara curiosa. Terminou o namoro na noite posterior a sua primeira vez, e decidiu ser do mundo, e conhecer como ela mesmo diria os prazeres da vida.
Sua rotina de festas começava da terça-feira com um chope com os amigos, daí em diante só Deus sabe onde estaria, com quem estaria, e equem beijaria.
Chegava nas festas, e antes que entrasse na pista de dança analisava todos os possíveis gatos que ela gostaria de beijar. Se achasse algum, jogava todo seu charme e sensualidade de maneira sutil, fazendo com que o gato chegasse nela. Se não tivesse ninguém interessante, ela simplesmente dizia que não estava a fim, e dava um fora, em todos os rapazes que paqueravam ela.
Um dia, ela conheceu Renato, uma rapaz tímido e que lhe chamou atenção logo quando ela viu ele dançar. Renato dançava de um jeito que a deixava inquieta. Decidiu que gostaria de beijar sua boca. Se tornaram mais próximos, porém ele sempre dava um jeito de fugir, apesara das investidas de Marina. Cada fora de Renato fazia com que ela se irritasse ainda mais com ele, apenas pelo fato de não ter conseguido aquilo que queria. Enquanto ela dançava querendo provocar Renato, Flávio olhava de longe, a menina que conhecera ainda garoto, e como se tornara sensual e bonita.
_Nina, o Flávio está te chamando lá fora.
_Quem? Flávio? Que Flávio? Mas está chovendo! Quem será esse tal?... Marina não se lembrava mais do rapaz que um dia tanto chamava sua atenção.
Ao sair pra saber quem era, ele a surpreendeu encostando-a na parde e forçando seu copro contra o dela. Lembra de mim? Dizia enquanto cheirava agressivamente seu colo e pescoço.
-Flávio? Nossa! Mas você não tinha se mudado? Pára Flávio o que está fazendo?
Tentava se esquivar do rapaz, mas ele era mais forte, e por mais que resistisse, aquilo estava deixando perturbada.
Roçava seu corpo no dela enquanto fazia o mesmo com os lábios. Marina se rendeu aos seus beijos quando viu o olhar ciumento de Renato.
Essa foi apenas a primeira vez que Marina e Flávio se beijaram. No começo ela se dizia arrependia e que fazia aquilo apenas para deixar Renato com ciúmes, mas o tempo foi passando e a vontade de ter os beijos envolventes de Flávio ia ficando cada vez mais forte.
_Você está apaixonada, Nina... - Dizia uma de suas amigas. E como alguém no início de um vício, Marina dizia que quando quisesse, ela não ficaria mais com ele.
Mas o tempo se passou e Maria foi se envolvendo cada vez mais... Cada proposta de Flávio era irresistível, uma festa particular na casa dele, um beijo durante uma quermesse da igreja, e até mesmo pegar o carro dos pais escondido para ir se encontrar com o rapaz. Apesar das insistências, Marina não chegou a ir para a cama com ele.
_Você é virgem?
_Não! Apenas, não vou para a cama com ficantes!
Entre uma balada e outra, os dois se encontravam, às vezes ele já estava com outra garota, e ela então ignorava ele, ficando com o primeiro que lhe fizesse a proposta. Aquilo foi se tornando um mártire. Ele sempre dizia que não queria assumir compromisso sério com ninguém, e ela para se mostrar que também não estava a fim, dizia o mesmo
_Existe coisa melhor que ser solteira?
Mas não era bem assim. Marina se afastou de Fávio, procurando em outros lábios os seus beijos, em outros corpos o seu cheiro.
Já estava terminando o colégio, e então surgiu uma proposta de trabalho em uma cidade vizinha. Não pensou duas vezes. Fugiu, dos seus sentimentos, do amor da sua vida, daquela paixão avassaladora que mais fazia mal a Marina.

Três meses depois de ter se mudado, em uma visita a sua família, Marina finalmente provou o corpo de Flávio, e se deliciou nos seus prazeres. Porém no outro dia ele não ligou, nem no outro, nem no outro. “Não passava de mais um querendo apenas mais uma na sua cama”, pensava.
Pôs um ponto final na história. Voltou para sua cidade decidida a esquecer de vez aquele homem que tanto fazia mal para ela, e decidiu reconstruir sua vida.

Marina hoje era uma nova mulher, independente, cheia de si, responsável, não mais aquela menininha que observava os amigos do irmão jogando futebol na porta de casa, e muito menos aquela adolescente inconseqüente que fazia tudo para ter os beijos de Flávio.
Casou-se e da união nasceu uma linda menina. Tinha uma família perfeita: Um marido compreensivo, uma filhinha que apesar de ainda bebê, deixava sua vida cada dia mais feliz.

Mas isso que até então era inabalável, mudou a vida de Marina.
Flávio reaparecera na sua vida, e agora ela estava deitada na cama dele. Tudo apenas com um telefonema.
-Com quem eu falo por gentileza?
_Marina Ribeiro.
_Sra. Marina Ribeiro, aqui é o gerente do seu banco. Um minuto, só... Marina? Filha de Josuá? Marina é você
_Quem?
_Flávio! Seu vizinho... amigo do seu irmão...
Foi depois de uma longa conversa sobre os velhos tempos que veio a pergunta.
_Marina, naquela época, algumas pessoas comentavam algo, que pra mim, não passava d boatos... mas estou tão curioso... - A sua voz ainda continuava grossa e sexy - Você gostava de mim
Não tinha mais por que negar. Agora ela era uma mulher, e não uma garota metida a besta que trancava os sentimentos dentro de si. Marina contou como era sentir tanta paixão por uma pessoa que só queria ela para beijar, ou algo mais.

Agora ela se aventurava. Beijava, e arranhava suas costas começando de novo o que acabaram de fazer, como se ainda tivessem energia para muitas vezes.
Tinha marido, tinha uma família, e tinha um nome a zelar. E dentro de si, além do corpo de Flávio, Marina tinha um sentimento que ressurgira como se fosse um vulcão, que antes tinha estado apenas adormecido, e agora entrara novamente em erupção.
Preferia esquecer o que faria depois daquela noite, preferia não responder a proposta de Flávio de ficar com ele. Trancou os olhos, deixando cair uma gota de lágrima, e preferiu apenas sentir Flávio mais do que sentia dentro de si.
E Marina sentia. Era seu Amor Platônico.

25 de março de 2009

Amores Platônicos I

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Sorria. Enquanto contemplava a foto dela, sorria e se lembrava de todos aqueles momentos que passaram juntos na insana adolescência. Seus traços, sua forma, seu perfil, tão nítido, tão suave, tão sensual. Podia tocá-la. Mas não. Se tratava apenas de um retrato dobrado e amassado que guardava na carteira.
Começou a se lembrar daqueles tempos, as loucuras e as mentiras que viviam só pra ter o gostinho da adrenalina no sangue. E cada aventura, um registro. Uma fotografia.
Lucas, Jane e Rodrigo. Se conheceram durante o período do curso de Publicidade e Propaganda. Não chegou a ser no primeiro dia. Jane era bastante comunicativa, conversava com todos, e quem não a aconhecia, sentia-se desprezado por ela. Mas seus amigos a adoravam, seu humor era capaz de tirar qualquer pessoa da tristeza. Por traz da sua simpatia, e acima de tudo, menina-mulher. Era magra, um corpo cheio de curvas, valorizando suas pernas e seios. Olhos negros, por trás de um olhar vibrante e envolvente. Cabelos longos e negros assim como seus olhos, dando um contraste, com sua pele, rosada, de tão branca. Uma mulher de chamar atenção até mesmo das mulheres, seja por inveja ou por atração. Menina, por que seu jeito moleca, fazia com que qualquer pessoa se esquece que era tão sensual e atraente.
Conhecera Rodrigo na biblioteca da faculdade, enquanto procurava o mesmo livro que o rapaz, e que para o azar dos dois só tinha um exemplar. Os dois então combinaram de estudar juntos o livro, assim pra não parecer injusto para nenhuma parte. Se tornaram amigos e descobriram que tinham muito mais que a escolha da profissão em comum.
Rodrigo era um rapaz tímido, e dócil. Não conversava muito com a turma, mas aqueles que o conheciam sabiam que não se tratava de antipatia, mas sim de timidez mesmo. Este era mais pé no chão que Jane. Depois que viraram amigos, passou a corrigir mais a faladeira da menina e dar concelhos para ela em quem ela deve ou não confiar. Alto e magro, chamava a atenção de todas as garotas pelo seu porte atlético, e sua postura. Porém, preferia fingir que não era com ele.
Lucas só veio a ser amigo dos dois, no semestre seguinte. Era transferido de outra faculdade já que seus pais haviam morrido em um acidente e seus parentes mais próximos moravam ali em Fernandópolis. Conheceu Rodrigo e Jane em uma festa da faculdade. No começo, a um julgamento prévio não gostou daquela menina que para ele se achava: cheia de gente ao seu redor, e ela lá debochando da mania do professor de Artes. Mas no fim da sua história ele riu das graças da garota.
_ Então você gosta de debochar do tiques dos seus professores?...- disse ele, enquanto ela pegava alguma bebida no bar.
Jane se virou e se deparou com o “garoto novo” que desde que chegara era calado e quieto, não falara sequer o nome para ninguém.
_ Porque? Consegue debochar de outra coisa mais engraçada?
_ Prazer, meu nome é Lucas. Disse estendendo a mão para a garota. Jane olhou para a mão estendida, se virou e seguiu caminhando em direção a Rodrigo. Lucas seguiu ela enquanto esperava a resposta.
_ Não vai me responder? Há! Já sei! Não conversa com estranhos?
_ Jane. Meu nome é Jane. Disse em um tom arrogante.
A partir daquele momento Rodrigo e Lucas se tornaram amigos rindo das grosserias de Jane. A garota se rendeu e descobriu que os três poderiam ser grandes amigos.

Em algum dia, Jane disse que precisava ir na casa da tia no interior de Minas. Não tinha carteira de habilitação, então propôs aos amigos que a acompanhasse no carro do pai. Lucas foi de motorista, porém só na metade do caminho que os garotos descobriram que era na verdade um hotel fazenda do tio que estava de férias no Rio de Janeiro.
_Você é maluca, Jane? E ele sabe que agente está indo pra lá?- Indagou Lucas
_ H!á... o que que é? Agora vocês estão com medo? Estamos quase chegando... Eu já disse, eles estão de férias no Rio, eu tenho a chave da casa, não vão se importar se agente passar o fim de semana por lá!
Mas ainda estavam na metade do caminho quando a tempestade caiu, e fez com que o carro ficasse atolado. Foi nesse dia que Lucas observou o corpo de Jane, molhado pela chuva se esguiando para tirar o carro da lama.
Rodrigo acelerava enquanto os dois amigos empurravam o carro. Mas Lucas não conseguia tirar os olhos da camiseta molhada grudada no corpo da menina e revelando seus seios redondos e salientes por debaixo da camiseta rosada.
_ Que que é? O que tá olhando?- Jane observa que o rapaz não conseguia se concentrar nas recomendações de Rodrigo ao volante- Está com vontade de ter uns? São bonitos né?
Lucas sorriu. Nessa hora se esqueceu que estavam naquela situação, na chuva, enlameados e no meio do mato sabe Deus onde. Juntou uma porção de lama do chão e jogou na garota
_Você é muito atrevida menina! Se acha demais!
_ Não vai me dizer que você não os achou bonitos??? Provocou
Nessa hora, Rodrigo percebe que os companheiros de viagem não se empenhavam em ajudar a tirar o carro do buraco.
_ Ei! o que está havendo ai?
_ Eu estou dizendo aqui para a Jane que eu queria ter peitões iguais os dela!
Rodrigo caiu na brincadeira e ficaram implicando a menina
_Ai! Como eu queria... Posso ver! Ui!
Os dois rapazes imitavam homossexuais enquanto Jane se irritava com eles!
Foi nesse dia, a partir desse dia que a amizade passou a ser deixada em segundo plano. Lucas olhou Jane com outros olhos, e agora continuava a deliciar aquela fotografia, dos três amigos enlameados e molhados da chuva, e Jane tapando seis seios com o boné do amigo.

Dormiam os três juntos em motéis, quando tinham alguma festa fora da cidade para ir e o dinheiro não era suficiente para pagar o hotel; levavam um ao outro para hospitais quando estavam bêbados demais; amanheciam os três abraçados cantando alguma música sertaneja ou chorando porque qualquer um deles passava por alguma decepção amorosa. Experimentaram os três algumas drogas, como a maconha e o extasy. Rodrigo e Lucas tiveram que pagar fiança para Jane sair da delegacia depois de dirigir embriagada e sem carta. E no fim das contas, estavam lá, sorrindo e cantando.
Mas em algum momento, Jane conheceu em uma das festas que freqüentavam, Ricardo, que a todo custo paquerou a garota até que ela se rendeu a seus encantos.
_Eu não gosto dele. È muito galinha, Jane. Depois você vai ficar falada!
_Bobeira tua, Lucas... O cara pode até ser galinha, mas é legal.. Fora que ele é lindinho né? Olha só o olhar dele!
_Beija quem você quiser, Jane. E bobeira do Lucas!

A partir do namoro com Ricardo, que Jane passou a ficar mais distante dos amigos. Não tinha mais tempo pra sair a noite, porque ia passar o fim de semana com o namorado. Não iam mais para a fazenda do tio de Jane, porque ela tinha algum jantar com o sogro e sogra.
Rodrigo e Lucas passaram a sair sozinhos, preferiam não comentar ou reclamar nada, apenas sentavam-se em algum bar da cidade e só saiam quando estivessem bêbados. Conversavam, brincavam, mas nada mais era como antes, quando tinham Jane para alegrá-los. Um dia na faculdade Jane observou a tristeza dos amigos.
_Eu não estou tendo tempo mais pra vocês, não é mesmo? Me desculpem, mas quando se está amando, não há como não querer ficar perto da pessoa... Pode deixar, eu já sei o que fazer!
E a moça combinou o dia e hora em um bar que sempre freqüentavam juntos. Lucas sorrira, finalmente tudo ia voltar ao normal, os três juntos como nos velhos tempos. Mas ao chegar lá, Lucas viu que as coisas realmente mudaram. Jane sorria ao lado de Ricardo, enquanto Rodrigo conversava ao pé do ouvido de uma garota loura e sorridente.
_Quero que conheça uma pessoa especial, Lucas! Essa é a Graziela! Ela é a irmã do Ricardo. - Disse Jane apontando para uma moça muito bonita ao seu lado - E esta é a Joice, uma amiga nossa! Dessa vez, presentava a loura sorridente que Rodrigo quase beijava de tão perto que conversava com a moça.
Lucas, se sentou e preferiu fingir que gostara da menina. Não tinha porquê não gostar, era bonita, atraente, tinha um papo legal. Naquela mesma noite, ele a levara para a cama e descobriu que suas qualidades iam muito além da sua beleza e personalidade. Mas ficaram juntos nem por uma semana, quando Lucas assumiu que gostava de outra pessoa e decidiu terminar com Graziela. Ao contrário, Rodrigo seguiu o namoro firme, com Joice.
Quando Jane ficara sabendo de Lucas, decidiu procurar o amigo. Estava na garagem tentando concertar o motor do carro.
_ Mas Lucas porque vocês não deram certo? Não sabia que gostava de outra pessoa? Quem é essa pessoa? Eu conheço? Posso ajudar?
Lucas agora olhava dentro daqueles olhos negros. Antes que respondesse, percebeu que Jane segurava um envelope, com as iniciais J & R escritas em dourado. Nessa hora se desesperou, olhou fixamente para o envelope, e seus olhos cheios de lágrimas perguntou com voz trêmula:
_ O que... o que é isso Jane?
_ Há! Isso aqui?... Jane nem percebeu o desespero de Lucas, sorriu, mas antes que respondesse o amigo, Lucas se propôs a dizer.
_ É você Jane. Eu sou apaixonado por você!
Nessa hora, o sorriso da amiga se desfez. Cabisbaixo, Lucas começou a chorar ali mesmo na garagem da sua casa. Jane o abraçou, tentando consolar, mas o consolo virou beijo. Os dois se tocaram e se beijaram. Lucas a envolvendo como se quisesse prendê-la para todo o sempre, e esquecendo que tudo que acontecia nas suas vidas. Sentaram-se no sofá que tinha na garagem e fizeram amor ali mesmo.
Agora, estava lá, Lucas, olhando para aquela fotografia e se lembrando de tudo, de todos os momentos bons que vivera com Jane e claro, com Rodrigo.
Seu amor por Jane doía, as lembranças, o cheiro, o toque, sentia tudo isso. Mas tudo fugiu dos seu pensamentos, quando começou a tocar a música do casamento e ele sorrindo teve que entrar na igreja como o padrinho de casamento de Jane. Agora sim podia entender o significado de Amor Platônico.

19 de março de 2009

Jornalista



Acordou no meio da noite, e dessa vez não era seu filho que chorava. O telefone em cima do criado-mudo tocava desesperadamente. Quem poderia ser aquela altura da madrugada?
Não dormia direito já havia uma semana, e finalmente conseguiu as tão sonhadas férias, depois de entrar três vezes como pedido junto ao setor de RH da empresa onde trabalhava. Seu chefe, editor -chefe do jornal onde trabalhava, sempre impedia que ela se afastasse do trabalho, devido aos grandes acontecimentos que ocorriam ao redor do país: crise econômica, escândalos no Congresso, eleições presidencialistas, e ele não poderia abrir mão de uma das melhores repórteres que o jornal tinha.
Ela sempre parava e respirava fundo para cada vez que o editor pedia algo que para ela parecia impossível, ou que por outro lado poderia funcionar como uma declaração de guerra a algum político. Mas tinha que fazer, custe o que custar. Talvez era por isso que ele gostava tanto dela, e confiava tanto no trabalho que ela fazia.
Se lembrava todas as vezes que terminava de gravar uma matéria, de quando era garota e via na tevê aquele “cara” com um microfone na mão conversando com outro. Depois vinham as seqüências de cenas, que ilustravam cada palavra que o “cara”dizia. “Este é o repórter” Dizia sua mãe “Ele fica ali, conversando com aqueles outros homens para saber o que está acontecendo no mundo, no país, ou na cidade, pra contar pra gente pela televisão!” “E pra quê agente quer saber mamãe?” Mas por mais que sua mãe lhe explicasse, era pequena demais para entender. Com o passar dos anos, foi ficando mais apegada àquele programa que passava depois da novela. A menina, deixou de acompanhar com sua mãe as telenovelas, para assistir aos telejornais na tevê junto com seu pai.
Um dia, apareceu um homem na tela, logo depois que passou uma reportagem. Esse homem ficava no mesmo estúdio que os apresentadores, só que sozinho. E ele falava, e criticava, alertava, com uma voz firme e compreensiva. Falava das atitudes do presidente dos Estados Unidos. E ela concordou com tudo que ele dizia. Afinal, era seu próprio pai quem dizia que este país só queria guerras, então esse homem que agora falava na televisão, também concordava com seu pai. Foi nessa hora que ela disse ao pai “Um dia eu vou fazer isso aí, papai. Eu estar aí dentro da televisão dizendo coisas, igual esse homem”.
E aí ela sorria. Terminava de gravar sua passagem, e sorria por ter relembrado de novo esses momentos em que ela tanto queria estar “dentro da televisão”. Agora ela estava. Era uma mulher, e finalmente conseguira trabalhar em um dos maiores jornais do país, sendo uma repórter que era bem conhecida nacionalmente.
Como era bom estar com sua família, seu marido e seu único filho. Um momento raro, já que quase não tinha tempo para eles. Na maioria das vezes, quando chegava em casa, João Carlos já estava dormindo. Parecia que a babá conhecia mais o filho do que ela mesma. Mas agora estava descansando em um lugar bem longe da “muvuca” da Capital, do barulho das teclas dos computadores da redação do jornal, das câmeras... Mas no fundo, bem lá no fundo, sentia saudades. Saudades daquela loucura que só ela conhecia.
O telefone tocava. Nessa hora o marido já havia acordado e estava ligando a luz do abajur. Ela apalpou a madeira fria do criado até encontrar o telefone. “Alô?”.
“Quem era?” Perguntava o marido, vendo a esposa se levantar da cama, e começando a colocar uma roupa.
“Era o Marcos. Ele disse que o presidente levou um tiro enquanto estava de férias. E para a nossa sorte ele estava de férias aqui na ilha. Eu vou lá ver!”
Marcos era seu editor.

18 de março de 2009

Clodovil (Mini... crônica?)

O Congresso parou. Fizeram silêncio, e dessa vez não foi porque alguém queria falar, ou exclamou um comparativo daquela loucura à um mercado.
Uma voz se calou, e não foi apenas por um minuto.
De longe observa, enquanto tantos proclamam seu nome em meio a homenagens e declarações de admiração.
Sua vida agora não tão mais polêmica, não tão mais criticada, não tão mais viva...
Apenas um sonho, mas esse não há mais como acordar

10 de março de 2009

Meu primeiro brinquedo

Imagem do Google

Natal. Eu era epenas uma menininha que ainda acreditava em Papai Noel. Adorava essa época de festas de fim de ano, pois era aonde eu reencontrava todos os parentes, e sempre depois da comemoração do Ano Novo, minha tia que morava na fazenda levava eu e meu irmão para passar alguns dias com ela.

Me lembro vagamente que naquele dia, a comemoração não ia ser como o de costume na virada do dia 24 para o dia 25. Meu tio estava no hospital, e por algum outro motivo, íamos comemorar no dia 25 com um almoço.

Eu e meu irmão acordamos bem cedinho... O sol ainda estava escondido no horizonte, mas no quarto um pouco da luz dos raios solares já se infiltravam pelas frestas da janela. Para falar a verdade naquele dia mal dormimos, ansiosos por saber o que papai Noel nos felicitara.

Meu irmão esperava uma bicicleta, e eu..., bem na verdade eu queria ir na escola. Eu tinha uma vizinha que era mais velha que eu e todos os dias, depois que ela saia da escola eu ia lá para nós brincarmos de casinha de bonecas. E enquanto rolava a brincadeira ela me contava como era a escola me deixando cada vez mais ansiosa  Mas apesar de eu pedir para mamãe deixar eu estudar, ela dizia que eu era muito nova. O que era incompreensível para mim, tao pequena.

_ Aposto que o papai Noel me trouxe uma Bicicleta! Dizia meu irmão.

_ Mas aí não cabe em baixo do travesseiro, né seu bobão!

Como não tínhamos chaminés, mamãe dizia que Papai Noel deixava o presente em baixo do travesseiro ou da cama. Mas mal podíamos entender que naquele ano, a situação financeira da nossa família não permitia a tão sonhada bicicleta do “Papai Noel”.

_Vamos ver, vamos! Nos levantamos apressadamente, e olhamos cada um em baixo de seus travesseiros e de suas camas.

Rasguei o pequeno embrulho. Mal podia acreditar, era muito melhor que ir a escola! Uma caixa de lápis de cor e um caderno de desenhos! Não conseguia conter meu sorriso nos lábios, sai gritando minha mãe e descrevendo meu presente! Nessa hora nem pude perceber o que meu irmão ganhara, e agora nem me lembro também.

Mas me lembro muito bem, do rosto da minha mãe, que com um sorriso terno, e os olhos ainda entreabertos por causa do sono, me perguntou: Você gostou? E eu a abracei.

Foi com aquele mesmo sorriso que minha mãe ensinou a escrever meu nome, me ensinou as letras, o alfabeto, e despertou essa paixão que vive em mim até hoje: a paixão de escrever.