19 de agosto de 2009

Beijo

Pareciam duas crianças. Brigavam e brincavam. A hora era inoportuna, e exigia atenção de ambos. Mas não, preferiram ficar implicando um ao outro com piadinhas e insultos bestas. Faziam caretas. Mentiam, e riam.
Ela tentava não pensar em nada, e aproximar, sentir sua respiração e sem perceber que a sua também estava mais ofegante. Olhava pra frente, mas não conseguia assimilar as palavras ditas por alguém lá na frente. Não sabia ou não queria saber o que estava acontecendo ali, dentro dela. Como se voltasse a adolescência, e como se também observasse de longe ela mesma. Talvez igual aqueles desenhos que assistia quando criança, quando tinha um diabinho e um anjinho, um encorajando e outro repreendendo. E o diabinho e o anjinho viram. Um sorrindo e outro com feição de preocupação. Como se estivessem gravando e assistindo em câmera lenta, o atrevimento do rapaz, e a cara que ela fez. (Ela sentiu seu rosto quente, talvez estivesse vermelho...)
Besteira, bobagem, coisa de criança.