26 de março de 2009

Amores Platônicos II



_ Fica comigo!... Seu corpo todo estremeceu com o sussurro gentil e sensual de Flávio ao seu ouvido. Seus corpos, ainda suados entrelaçados tornando todo aquele extase como se fosse de uma só pessoa. Seus lábios tremiam e sua cabeça latejava. Fechou os olhos forçando sua pupilas, como se aquele ato fizesse com que tudo aquilo a despertasse e mostrasse a ela que não passava de um sonho. Ou pesadelo.
Mas não. Preferiu sentir o corpo de Flávio dentro de si, em movimentos suaves e rítmicos, e esquecer tudo e todos. Preferiu apenas sentir o ápice do prazer que há muito tempo não sentia.
_Sabia que adoro fazer amor com você? Já não lembrava mais como é estar mergulhado no seu corpo...
Preferiu apenas sorrir. Um sorriso triste e forçado que saia do canto dos lábios. Flávio se levantara e fora ao banheiro. E agora Marina pensava em tudo... em todos, na sua família, na sua filha, e naquele amor, que até então estava adormecido.

Conhecera Flávio no auge da sua adolescência. Ele era o melhor amigo do seu irmão, e não saia da sua casa. Pra piorar ainda mais, era simplesmente adorado pelos seus pais.
_Quando Marina tiver idade, ela deve se casar com você Flávio! Adoraria ter um genro assim!
Mas ela tinha apenas 13 anos, e ele nos seus 19. O tempo foi se passando e a presença de homens na sua casa foi se tornando mais constante. Os amigos de seu irmão passaram a jogar futebol na porta da sua casa e ela ficava lá olhando, sentada na calçada, apoiando a cabeça nos cotovelos. Flávio não era o mais bonito, nem o mais másculo, pelo contrário, Não tão alto, o corpo ainda com poucos músculos, o rosto triangular e os cabelos se desfaziam em cachos negros e bagunçados. Não, não era bonito, mas era atraente. Tinha algo que chamava a atenção de qualquer mulher de qualquer idade que passasse por ele. Sua voz grossa e um olhar enigmático e convidativo. Seu jeito de andar, tudo nessa hora parecia atraente nele. E ela ficava ali, olhando.
O tempo passou e Marina se esqueceu de Flávio, arrumou um namorado aos 15 anos, porém a euforia das suas amigas ao descobrirem festas, bebidas e vários beijos em uma noite, a deixara curiosa. Terminou o namoro na noite posterior a sua primeira vez, e decidiu ser do mundo, e conhecer como ela mesmo diria os prazeres da vida.
Sua rotina de festas começava da terça-feira com um chope com os amigos, daí em diante só Deus sabe onde estaria, com quem estaria, e equem beijaria.
Chegava nas festas, e antes que entrasse na pista de dança analisava todos os possíveis gatos que ela gostaria de beijar. Se achasse algum, jogava todo seu charme e sensualidade de maneira sutil, fazendo com que o gato chegasse nela. Se não tivesse ninguém interessante, ela simplesmente dizia que não estava a fim, e dava um fora, em todos os rapazes que paqueravam ela.
Um dia, ela conheceu Renato, uma rapaz tímido e que lhe chamou atenção logo quando ela viu ele dançar. Renato dançava de um jeito que a deixava inquieta. Decidiu que gostaria de beijar sua boca. Se tornaram mais próximos, porém ele sempre dava um jeito de fugir, apesara das investidas de Marina. Cada fora de Renato fazia com que ela se irritasse ainda mais com ele, apenas pelo fato de não ter conseguido aquilo que queria. Enquanto ela dançava querendo provocar Renato, Flávio olhava de longe, a menina que conhecera ainda garoto, e como se tornara sensual e bonita.
_Nina, o Flávio está te chamando lá fora.
_Quem? Flávio? Que Flávio? Mas está chovendo! Quem será esse tal?... Marina não se lembrava mais do rapaz que um dia tanto chamava sua atenção.
Ao sair pra saber quem era, ele a surpreendeu encostando-a na parde e forçando seu copro contra o dela. Lembra de mim? Dizia enquanto cheirava agressivamente seu colo e pescoço.
-Flávio? Nossa! Mas você não tinha se mudado? Pára Flávio o que está fazendo?
Tentava se esquivar do rapaz, mas ele era mais forte, e por mais que resistisse, aquilo estava deixando perturbada.
Roçava seu corpo no dela enquanto fazia o mesmo com os lábios. Marina se rendeu aos seus beijos quando viu o olhar ciumento de Renato.
Essa foi apenas a primeira vez que Marina e Flávio se beijaram. No começo ela se dizia arrependia e que fazia aquilo apenas para deixar Renato com ciúmes, mas o tempo foi passando e a vontade de ter os beijos envolventes de Flávio ia ficando cada vez mais forte.
_Você está apaixonada, Nina... - Dizia uma de suas amigas. E como alguém no início de um vício, Marina dizia que quando quisesse, ela não ficaria mais com ele.
Mas o tempo se passou e Maria foi se envolvendo cada vez mais... Cada proposta de Flávio era irresistível, uma festa particular na casa dele, um beijo durante uma quermesse da igreja, e até mesmo pegar o carro dos pais escondido para ir se encontrar com o rapaz. Apesar das insistências, Marina não chegou a ir para a cama com ele.
_Você é virgem?
_Não! Apenas, não vou para a cama com ficantes!
Entre uma balada e outra, os dois se encontravam, às vezes ele já estava com outra garota, e ela então ignorava ele, ficando com o primeiro que lhe fizesse a proposta. Aquilo foi se tornando um mártire. Ele sempre dizia que não queria assumir compromisso sério com ninguém, e ela para se mostrar que também não estava a fim, dizia o mesmo
_Existe coisa melhor que ser solteira?
Mas não era bem assim. Marina se afastou de Fávio, procurando em outros lábios os seus beijos, em outros corpos o seu cheiro.
Já estava terminando o colégio, e então surgiu uma proposta de trabalho em uma cidade vizinha. Não pensou duas vezes. Fugiu, dos seus sentimentos, do amor da sua vida, daquela paixão avassaladora que mais fazia mal a Marina.

Três meses depois de ter se mudado, em uma visita a sua família, Marina finalmente provou o corpo de Flávio, e se deliciou nos seus prazeres. Porém no outro dia ele não ligou, nem no outro, nem no outro. “Não passava de mais um querendo apenas mais uma na sua cama”, pensava.
Pôs um ponto final na história. Voltou para sua cidade decidida a esquecer de vez aquele homem que tanto fazia mal para ela, e decidiu reconstruir sua vida.

Marina hoje era uma nova mulher, independente, cheia de si, responsável, não mais aquela menininha que observava os amigos do irmão jogando futebol na porta de casa, e muito menos aquela adolescente inconseqüente que fazia tudo para ter os beijos de Flávio.
Casou-se e da união nasceu uma linda menina. Tinha uma família perfeita: Um marido compreensivo, uma filhinha que apesar de ainda bebê, deixava sua vida cada dia mais feliz.

Mas isso que até então era inabalável, mudou a vida de Marina.
Flávio reaparecera na sua vida, e agora ela estava deitada na cama dele. Tudo apenas com um telefonema.
-Com quem eu falo por gentileza?
_Marina Ribeiro.
_Sra. Marina Ribeiro, aqui é o gerente do seu banco. Um minuto, só... Marina? Filha de Josuá? Marina é você
_Quem?
_Flávio! Seu vizinho... amigo do seu irmão...
Foi depois de uma longa conversa sobre os velhos tempos que veio a pergunta.
_Marina, naquela época, algumas pessoas comentavam algo, que pra mim, não passava d boatos... mas estou tão curioso... - A sua voz ainda continuava grossa e sexy - Você gostava de mim
Não tinha mais por que negar. Agora ela era uma mulher, e não uma garota metida a besta que trancava os sentimentos dentro de si. Marina contou como era sentir tanta paixão por uma pessoa que só queria ela para beijar, ou algo mais.

Agora ela se aventurava. Beijava, e arranhava suas costas começando de novo o que acabaram de fazer, como se ainda tivessem energia para muitas vezes.
Tinha marido, tinha uma família, e tinha um nome a zelar. E dentro de si, além do corpo de Flávio, Marina tinha um sentimento que ressurgira como se fosse um vulcão, que antes tinha estado apenas adormecido, e agora entrara novamente em erupção.
Preferia esquecer o que faria depois daquela noite, preferia não responder a proposta de Flávio de ficar com ele. Trancou os olhos, deixando cair uma gota de lágrima, e preferiu apenas sentir Flávio mais do que sentia dentro de si.
E Marina sentia. Era seu Amor Platônico.

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